Livro
Mídias e interculturalidades locais e globais
Cláudio Cardoso Paiva∗
Universidade Federal da Paraíba
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Primeiro Plano
Proponho um mapeamento seletivo dos temas relacionados à irradiação da cultura norte-americana pela arte tecnológica do cinema. A experiência cinematográfica funciona com um gigantesco vetor de atração, congregando as nações mundiais numa aldeia global; irremediavelmente, estamos todos ligados a essa sensorialidade.
No sentido empregado por Edgar Morin, somos todos pertencentes à Terra-Pátria e a ecologia do cinema contribui favoravelmente para esta conjunção. Cumpre então lançar uma mirada sobre o cinema de Hollywood, buscando ver além das dimensões meramente organizacionais e financeiras que estruturam essa grande indústria, e contemplá-lo ludicamente como uma expressão da sétima arte, como uma
“reapresentação” do mundo que consegue nos transportar para a cena dos grandes acontecimentos além das fronteiras geográficas e temporais.
Há filmes clássicos como Os Dez Mandamentos (Cecio B. de Mille, 1956), E o vento levou (Victor Fleming, 1939) e 2001, uma
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claudiocpaiva@yahoo.com.br
odisséia no espaço (Stanley Kubric, 1968), que - malgrado a diversidade de estilos aglutinam uma grande comunidade universal formada pelos indivíduos interligados pelas imagens do cinema. Mas, este cinema é forte principalmente por penetrar nos recantos mais intimistas do Ser, fustigando as sensações, emoções e sentimentos mais profundos. Isto ocorre certamente porque entre o olho e o espírito do espectador se instaura o lugar de encontro com seu Outro, que fascina e assombra, como um velho (des)conhecido.
Contendo um acervo monumental das mitologias universais, o cinema tem o poder de entrelaçar as teias simbólicas das infinitas culturas tramadas no fio da história.
Os livros fabulosos, as fábulas mais verossímeis, os épicos arrebatadores, as tragédias insólitas e os afetos mais nobres