Livro papalagui
O livro O Papalagui são uma série de depoimentos de um indígena chamado Tuiávii, chefe da tribo Tiavéia sobre os costumes europeus.
Papalágui significa homem branco, ou literalmente aquele que furou o céu, quando os nativos viram as velas brancas dos navios colonizadores assim imaginaram.
O conflito de visões é aparente, o homem branco europeu, de cultura cristã, fora ensinado a subjugar a natureza, de que há pecado original, de que se deve cobrir a nudez e a trabalhar pelo progresso. A cultura indígena se adapta a natureza, é mais instintiva que racional, busca mais o prazer dos sentidos que a elevação espiritual, enquanto o homem branco despreza a humildade e a simplicidade de uma vida pacata e sadia sem ambições.
No princípio Tuiávii descreve que ensinaram que o corpo era pecado, e ridiculariza a forma como o homem branco trata de se cobrir, de forma desajeitada e anti-natural. E cita que se o corpo do sexo oposto fosse nu todo o tempo, o homem branco teria mais tempo para pensar em outras coisas do que a luxúria. Chama mamadeira de “rolo de vidro, fechado em baixo com uma maminha artificial em cima”. Também é nesse capítulo que ele faz fortes críticas estéticas ao modelo de corpo do papalágui, que admira seu nariz pontiagudo em vez do nariz achatado do índio.
Critica que o homem branco faça moradas de pedra, porque a casa do Índio é a natureza. Critica o amor ao dinheiro, à escravidão que a busca pela felicidade através de finanças traz e a falta de caridade dos ricos que promovem a desigualdade e se alegram enquanto outros passam fome, ao fato de possuir coisas e ter de guardá-las, e quanto mais possui mais se empobrece tornando-se dependentes delas.
Tuiávii diz que de Deus são todas as coisas, e que esse Deus fica empobrecido pelo homem branco que toma tudo para si e lhe envia castigos por isso. Que o que o homem branco construiu jamais pode livrá-lo da morte, que é preferível o artista que é Deus do que o homem branco brincando de Deus.