Livro Escrava Isaura

ESCRAVA ISAURA
Nos idos dos primeiros anos do reinado do senhor, D. Pedro II, no bem nutrido solo de Goycatazes, à margem do Paraíba, a pouca distância da vila de Campos, existia uma linda e magnífica fazenda. Havia nessa fazenda, uma suntuosa casa de proporções harmoniosas. O tempo era belo, o sol não havia ainda se posto e o silêncio que reinava na vivenda, foi quebrado pela canção de uma voz única, ampla e de excelente organização vocal. As tão agrádaveis notas daquele cantar se misturavam as tristes e penosas reflexões dos versos da canção. O anjo que cantava tão sublimemente tinha por nome Isaura e sobrenome Escrava.
A moça, dona de voz tão bonita, como já foi dito chamava-se Isaura e era escrava, só que era uma escrava difente: letrada, tinha modos de ricas damas e além de grande inteligência, era dona de inefável beleza, que davam a ela um toque divino.
Filha de uma mulata que prestava serviços de mucama para a senhora da casa, Isaura temia ter o mesmo fim da mãe que como ela tinha beleza imensurável e sofria as mais sordidas aporrinhações do seu senhor que a todo custo buscava realizar seus devassos desejos sexuais com ela. Sempre rejeitado, o comendador de nome Almeida, repugnou a escrava e fez do seu "amor" por ela, ódio. Tendo ela o triste fim das "lindas mulatas", que por serem muito belas, acabam por descer à terra.
Miguel, pai de Isaura, era um nobre feitor da fazenda do senhor Almeida, que apaixonou-se pela bela mulata e não conseguiu castigá-la como havia mandado o seu senhor. O fim dessa história tem a morte da mãe de Isaura, o seu Miguel mandado embora e a vinda ao mundo da linda escrava Isaura.
Criada desde de pequena pela mulher do comendador, a linda e infeliz Isaura, recebeu a melhor educação possível, pois no bondoso coração daquela mulher, Isaura era um mimo do céu, para consolá-la das angústias e dissabores, em consequência dos torpes desmandos de seu devasso marido.
O Sr. Almeida aposenta-se e se retira para a corte, entregando