Livre arbítrio e neurobiologia
LIVRE ARBÍTRIO E NEUROBIOLOGIA
No artigo Livre arbítrio e neurologia, de John R. Searle, é abordada a questão filosófica do livre arbítrio confrontada com a teoria determinista, segundo a qual os acontecimentos estão obrigatoriamente ligados a uma causa precedente e suficiente. É possível experimentar de fato a liberdade nas ações ou elas são desencadeadas por causas psicológicas definidas imperativas? O fato de ter-se progredido muito pouco a respeito da questão do livre arbítrio após um longo caminho de reflexões, sugere a existência de outras questões que precisam ser resolvidas ou adaptadas, afim de que se possa ter uma clara apreciação da questão do livre arbítrio. A ideia da liberdade de escolha, ou seja, da experiência voluntária, é muito cara a todos e, entretanto, não pode ser validada recorrendo-se ao determinismo, o que gera um problema epistemológico uma vez que, por outro lado, parece complicado abrir mão da premissa de que todo acontecimento tem uma causa. Para Searle, o caminho para progredir na reflexão sobre o livre arbítrio é a superação de algumas pressuposições que tornam incompatíveis certas categorias da realidade, em especial o aspecto mental e o aspecto físico. Admitindo-se que os estados mentais são produtos de processos neurobiológicos, torna-se viável argumentar que o aspecto mental e o aspecto corporal não são, portanto, excludentes. Esse ponto de vista indica a possibilidade de lançar luz sobre a questão do livre arbítrio de forma semelhante, a partir do estudo do funcionamento do cérebro. É bastante nítida a diferença entre a consciência perceptiva, que é passiva, e a chamada “consciência volitiva”, que é ativa e está presente no momento da decisão de realizar determinada ação. As experiências perceptivas são determinadas causalmente, sendo que, quando ocorrem, apresentam algo que não depende do receptor. Para as experiências volitivas, no entanto, John Searle explica,