Literatura indígena e direitos autorais
Ely Ribeiro de Souza elymacuxi@hotmail.com
Considero extremamente importante as pesquisas voltadas para a compreensão e atualizações das identidades dos povos indígenas no Brasil. Discutir os novos espaços e apropriações do código da escrita requer mais estudos e aprofundamento para entender como os povos indígenas estão se apropriando desses novos/velhos códigos da escrita (ou literatura) para compreender os múltiplos universos onde estão situados suas aldeias; estabelecer diálogos e entendimentos com o poder publico, visando o desenvolvimento de políticas sociais a educação e saúde diferenciada; pesquisas que possibilite entendimentos de como esses povos estão se utilizando da escrita para confrontar e reagir as idéias e assédios de regionais, grileiros, mineradores, pecuaristas invasores de suas terras, desenvolver e administrar projetos de auto-sustentação, na busca da tão desejada autodeterminação. Entre tantas questões a serem levantadas, uma delas me preocupa mais, ligadas ao protagonismo indígena nessas pesquisas: “DIREITO AUTORAL”. O fascínio, o deslumbramento verificadas em muitas pessoas que se aproximam da cultura indígena, está mais próximo das imagens fantasiosas produzidas na literatura brasileira do que da realidade cultural desses povos. Muito se fala e se escreve sobre a cultura tradicional, por indígenas e não indígenas, sem dimensionar as variantes culturais advindo do contato e das novas identidades construídas em seus territórios tradicionais, ou nos novos territórios historicamente construídos (Urbaindios).
Portanto, um espaço de diferentes interpretações e posicionamentos, dentre os quais, o exotismo que produz olhares deformes e inconstantes, transfigurados, carregados de idealizações, visões folclóricas e etnocêntricas. Imagens do bom selvagem, do guerreiro, do bom caçador e pescador, do contador de histórias, do velho pajé e seu miraculoso chocalho e maracá,