Liberdade de catedra
A similaridade entre os dois fatos históricos está na eliminação da liberdade dos intelectuais, inclusive a liberdade de cátedra. A conseqüência disso foi a supressão de críticas às barbaridades cometidas pelos governantes. Mao-tsé-tung eliminou os cientistas que tinham idéias contrárias às de seu governo. Não estamos formando mais cientistas sociais do porte de Florestan Fernandes e Octavio Ianni mesmo com o grande aumento no número de diplomados.
Estes dois fatos históricos servem para refletirmos sobre o papel dos cientistas sociais dentro da sociedade e, mais particularmente sobre a liberdade de cátedra de professores.
Sem liberdade na produção de conhecimento e na prática de ensino dentro das Universidades, a sociedade é que acaba sofrendo as conseqüências. O Regimento da UEM estabelece, quanto a isso, que a Universidade deverá assegurar a plena liberdade de estudo, pesquisa, ensino e expressão, permanecendo aberta a todas as correntes de pensamento.
É claro que não se trata de travar uma luta de vida e morte, num jogo de soma-zero, para ver quem irá impor sua concepção de ciências humanas. É muito benéfica a convivência de concepções antagônicas dentro de um curso porque toda pluralidade é enriquecedora.
É importante estabelecer um pacto democrático em torno de um objetivo comum, o de construir um bom curso de Ciências Humanas. Deve-se discutir e definir os caminhos e os procedimentos para que este objetivo comum seja atingido. E um procedimento que pode contemplar os diferentes projetos seria a criação de uma grade curricular que dê maior autonomia aos alunos oferecendo a eles a possibilidade de optar pelo tipo de formação que desejarem fazendo escolhas diante de diversas disciplinas optativas oferecidas dentro e fora dos Departamentos. Dessa forma, poderemos impedir a construção de um pensamento único nos cursos de Ciências Humanas.
Na era moderna, — a história do século XX demonstrou isso —, não existe a possibilidade de