Linguística

O PEÃO MEDROSO

Às vezes fico a pensar nos momentos de infância, o quanto era bom e o quanto era especial aquele momento em que o meu papai proseava em uma roda de filhos e vizinhos.
Sempre que faltava energia e que ninguém podia assistir televisão, todos esperavam ansiosamente os velhos e maravilhosos causos de papai. Era a hora mágica em que ele nos presenteava com suas histórias incríveis, envolvendo assombrações, perigos vividos no mato e como sempre o melhor assunto era suas aventuras no sertão.
Num instante estávamos todos em volta de meu papai, com os olhos curiosos e ouvidos atentos, sedentos de uma aventura bem contada.
Certa vez ele nos contou que em suas viagens ao sertão era recheada de loucuras e até mesmo de fatos engraçados, ele nos contava com tanta vivacidade que acreditávamos em todas que ele nos dizia, como foi o caso de um peão medroso.
Este peão era filho de um dos maiores fazendeiros daquela região, e sempre que meu papai e seus companheiros chegavam nessa região chamada de Maria Gomo, este fazendeiro fazia questão de convidá-los para se hospedarem em sua fazenda.
Na noite em que eles chegaram a Maria Gomo, o fazendeiro todo orgulhoso falava de seu filho caçula, que acabara de chegar da capital e que muito tempo passou longe de casa, mais estava de volta e com toda alegria e satisfação dizia que seu filho era um grande homem, um peão corajoso e valente, mais não sabia ele que nada disso seu filho obtinha.
Logo pela manhã e como de costume o fazendeiro teria que mostrar a boiada ao meu papai e seus companheiros, pois eles teriam que comprar somente aquilo que interessariam e continuarem a sua viagem.
O fazendeiro não pensou duas vezes e nem tão pouco quis saber se o filho queria ou não separar a boiada, foi logo resmungando e ordenando o filho ao trabalho.
O rapazinho saiu todo apressado e assustado, sem muito costume e sem jeito de montar cavalo, logo todos viram o seu desajeito com o animal. O filho do fazendeiro