O que Linguística
Uma forma de ter domínio é o conhecimento, e o homem procura dominar o mundo em que vive. Esse é um dos motivos pelos quais ele procura explicar tudo o que existe. A linguagem é uma dessas coisas. Ao procurar explicar a linguagem, o homem está procurando explicar algo que lhe é próprio e que é parte necessária de seu mundo e da sua convivência com os outros seres humanos; Por que falamos? De acordo com a nossa tradição escolar, há uma tendência em se identificar o estudo da linguagem com o estudo da gramática. A linguística, no entanto, distingue-se da gramática tradicional, normativa. Ela não tem, como essa gramática, o objetivo de prescrever normas ou ditar regras de correção para o uso da linguagem. Para a linguística, tudo o que faz parte da língua interessa e é matéria de reflexão.
Na história da constituição da linguística há dois momentos-chave: o século XVII, que é o século das gramáticas gerais, e o século XIX, com suas gramáticas comparadas. No século XVII, os estudos da linguagem são fortemente marcados pelo racionalismo. Os pensadores da época concentram-se em estudar a linguagem enquanto representação do pensamento e procuram mostrar que as línguas obedecem a princípios racionais, lógicos. Um momento importante para a história da linguística é o século XIX, o da linguística histórica, com as gramáticas comparadas. Esse século tem movimentos, perspectivas e interesses bem diferentes do século XVII. Já não tem validade o ideal universal, e o que vai chamar a atenção dos que trabalham com a linguagem é o fato de que as línguas se transformam com o tempo. Não é mais a precisão, mas a mudança o que importa. E a época dos estudos históricos, em que se procura mostrar que a mudança das línguas não depende da vontade dos homens, mas segue uma necessidade da própria língua, e tem uma regularidade, isto é, não se faz de qualquer jeito. E no século XIX que se descobre a semelhança entre a maior parte das línguas europeias e o sânscrito. A