Linguistica
O interesse prático da Linguística
Aplicada e a sua abrangência em termos de pesquisa
I
Notas preliminares
Não poderia começar este texto sem referir o facto de a linguística aplicada
(LA) corresponder a uma área de investigação que tem conhecido um grande desenvolvimento no Brasil ao longo dos últimos anos (Moita Lopes 2001: 27 ss.)1. Nas palavras de Moita Lopes (2006a: 16), a linguística aplicada deve ser vista como “um campo agora relativamente bem estabelecido no Brasil”2.
Segundo o autor, é apoiada, do ponto de vista institucional, por diferentes programas de pós-graduação e por agências que subsidiam a investigação. Além disso, conta com uma associação científica: a Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB) (Moita Lopes 2006a: 16).
A fundação da ALAB em 1990 contribuiu, seguindo Moita Lopes (2001: 28), para que a linguística aplicada passasse a ser olhada diferentemente. Como o autor adianta, a linguística aplicada era tida como um apêndice da linguística, ou seja, como aplicação da linguística3 – leitura já ultrapassada pela linguística aplicada, que achava reducionista e unidireccional a posição segundo a qual as No tocante ao início da linguística aplicada no Brasil, aconselha-se a leitura da entrevista dada por Francisco Gomes de Matos a Tony Berber Sardinha em 2005, disponibilizada em Fevereiro de 2007 no Boletim da Associação de Linguística Aplicada do Brasil (ALAB). Versão online disponível na web em http://www.alab.org.br/, acedida em 5 de Fevereiro de 2007.
2
Como se verá, a dado passo deste texto, à linguística aplicada podem ser atribuídos vários termos. Moita Lopes refere-a como sendo um campo. Pela minha parte, também partilho essa preferência. Na verdade, descrevê-la como “campo/área/domínio” incute-lhe, por um lado, dinamismo e, por outro lado, uma abertura que poderíamos dizer que é uma exigência que dela emana de pretender solucionar ou melhorar os problemas do mundo real