Linguagem
The Miracle Worker | Estados Unidos | 1962 | Direção: Arthur Penn | Roteiro: William Gibson | Elenco: Anne Bancroft, Patty Duke, Victor Jory, Inga Swenson, Andrew Prine | Duração: 1h46min.
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Cega e surda desde o berço em decorrência de uma doença mal curada, a menina Helen Keller poderia ser ignorada pela sua família caso os seus braços enrijecidos para tatear o desconhecido não provocassem acidentes materiais frequentes ou colocassem em risco a vida da irmã caçula. Interná-la em uma instituição é a solução sugerida pelo irmão mais velho; mas não é o que pensa a sua desesperada mãe, recorrendo aos melhores especialistas nos Estados Unidos do século XIX para descobrir uma cura para a condição da filha. Esperança prestes a se extinguir até a chegada de Anne Sullivan, encaminhada pela universidade de Perkins para ensinar Helen a se comunicar. Jovem de 20 anos, inexperiente e ex-deficiente visual (os óculos escuros são acessórios permanentes em razão da fotofobia), Anne é desacreditada pela família, pouco convencida da eficácia dos métodos nada ortodoxos empregados.
Porém, ainda mais difícil do que a tarefa de superar a resistência e o preconceito é a de vencer a frustração de uma garota inteligente que nunca foi apresentada às ferramentas de comunicação. Pior, cujo desejo foi inconscientemente desprezado por seus familiares, acostumados a mimá-la ao aceitar sem objeção o seu comportamento grosseiro e animalesco apenas para não ter que lidar com a realidade. Assim, os melhores momentos da narrativa dirigida por Arthur Penn são aqueles em que Anne, sem piedade, confronta Helen, compreensivelmente descontrolada e enfurecida por não compreender a linguagem de sinais e a ideia de que os objetos ao seu redor podem ser identificados com apenas alguns gestos manuais. Dessa forma, a sequência que se passa na sala de jantar, na qual Anne tenta ensinar bons modos a Helen é uma das mais inquietantes que eu já vi… na vida