Linguagem e persuasão
Usando a revista Newsweek como exemplo, um veículo que se auto-intitula neutro sem intenção de manipular opiniões, o autor inicia sua obra ressaltando a impossibilidade de existência de um discurso que não se articule de maneira a tentar persuadir o interlocutor. Para ele toda prática verbal tende ao convencimento do receptor acerca de alguma ideologia, com exceção talvez da arte, de alguma manifestação literária, de jogos verbais e alguns discursos lúdicos. O que existe para o autor são graus persuasivos nos discursos: alguns são mais visíveis, outros menos; alguns são dissimulados, outros são escancarados. A retórica clássica é evocada em seguida pelo autor, pois, ao seu ver, essa disciplina criada pelos gregos está intimamente relacionada com o tema de sua obra, afinal a retórica era usada pelos antigos como uma forma de argumentar convincente e elegante. Ou seja, a retórica utiliza-se da arte de domínio da palavra para convencer o interlocutor sobre certa verdade. Foi a partir da necessidade de dominar as regras de argumentação, devido à prática da democracia entre os gregos, que surgiram as primeiras reflexões a respeito da linguagem e do discurso. Nesse contexto, Aristóteles escreveu a Arte retórica a fim de sistematizar os pontos de vista vigentes nos estudos retóricos e de guiar a realização de um discurso persuasivo. A disciplina assumia para o filósofo um caráter científico, na medida em que se tratava de um corpus com um certo objeto e de um método empírico dos passos seguidos para realizar a persuasão. De tal forma que a retórica visa à utilização de mecanismos para expor algo como verdadeiro, não interessando questionar o locutor sobre a verdade contida ou não em seu discurso. Ao citar Aristóteles em sua Arte retórica, o autor declara algumas conclusões, a saber: a retórica não é persuasão e sim visa esclarecer como se pode realizá-la; a retórica tem lugar em vários discursos institucionais, é analítica e abarca todas as formas