Lideranca
Já se tornou lugar-comum atribuir às recentes crises financeiras razões como aumento da incerteza, declínio dos sistemas de governança, falta de mecanismos de controle e aceleração do tempo, dentre outras exaustivamente tratadas por especialistas de toda sorte. Porém, se o diagnóstico parece claro, a procura por soluções é desafiadora: como dar respostas concretas a esse cenário e, ao mesmo tempo, criar um novo modelo de prosperidade para as empresas? Uma das respostas está na mudança do olhar e em criar uma abordagem de gestão capaz de lidar com essa turbulência. Recentemente, têm proliferado os argumentos em defesa do gerenciamento da complexidade como a principal saída para gerar uma nova linguagem de negócios.
Para entender como fazer isso, o primeiro passo é definir o que é complexidade. Não se trata de complicação, mas de uma “visão de mundo que aceita e procura compreender as mudanças constantes do real e não pretende negar a multiplicidade, a aleatoriedade e a incerteza, e sim conviver com elas”, afirma Humberto Mariotti no livro As Paixões do Ego: Complexidade, Política e Solidariedade. Para o autor, o pensamento complexo concilia dois tipos de raciocínio: o linear, que apresenta uma relação causal direta, e o sistêmico, aplicado no mundo empresarial apenas nos processos meramente operacionais e incapazes de lidar com o fator humano. Em síntese, o pensamento complexo alerta para a crescente interdependência entre pessoas, ambientes e recursos em um cenário em que as constantes são a incerteza, o erro e a ilusão.
Essa questão tem ocupado um espaço crescente na agenda dos CEOs. A pesquisa Capitalizing on Complexity (“Capitalizando com a complexidade”, em tradução literal), realizada pela IBM entre 2009 e 2010 com mais de 1,5 mil líderes globais, destacou que os executivos identificam quatro tendências relacionadas à complexidade e à produção de organizações mais adaptáveis e lucrativas: primeiro, o contexto tende a