lider ou nao
Recupero agora para debate porque esta frase deu-me muito em que pensar. Imediatamente à sua enunciação surgem três problemas: o primeiro e mais fundamental é o conceito de líder, em particular a relação entre o desempenho de um líder e os resultados alcançados pela sua liderança; depois a subjectividade inerente ao conceito de bondade; e finalmente a diferença subtil entre bom líder e líder bom.
Espantei-me ao verificar que poucos dos jovens presentes naquele exercício optaram por concordar totalmente com a frase. Talvez tenham tido medo de associar a palavra bom a alguém que foi responsável por milhões de mortes.
Fiz questão de separar as águas, quando me foi dada a oportunidade de justificar a minha total concordância com a mesma. Afinal, se nos vamos ater à análise da liderança, não nos está a ser pedido para invocar argumentos de ordem ética ou moral. Notei que as pessoas associam líder ao universo do trabalho mais facilmente do que a outros domínios da vida. Porque não pensar em liderança na perspectiva de um chefe de quadrilha ou de um treinador de futebol ou de um general militar ou de um militante político? Hitler foi um bom líder, pese embora os maus propósitos da sua liderança, os quais, refira-se, nunca estiveram em debate naquele exercício.
Esta incapacidade de separar as águas, de contaminar uma análise que se quer pura com elementos estranhos à estrita matéria em debate, constitui um sério entrave ao funcionamento sadio do pensamento. E houve quem dissesse que o referido senhor nem líder foi: que desplante, sublinhe-se. Não poderá ser este um exemplo de como a exacerbação da superficialidade dos juízos que fazemos nos impede de aprender a ver para lá do senso comum? Há que liderar mais o pensamento.