Lidando com o fim da vida
Testa enrugada e árida, olhos cavos, nariz saliente, cercado de coloração escura. Têmporas deprimidas, cavas e enrugadas, queixo franzido e endurecido, epiderme seca, lívida e plúmbea, pêlos das narinas e dos cílios cobertos por uma espécie de poeira, de um branco fosco, fisionomia nitidamente conturbada e irreconhecível.[1]
A determinação do fim da vida, opostamente ao que ocorre com o início, não padece de controvérsias, ou ao menos já apresenta um consenso que otimiza as questões concernentes ao término da vida. Possivelmente esse contexto foi concretizado devido à maior clareza e facilidade em indicar o momento em que o indivíduo é acometido pelo cessar da vida, situação que indubitavelmente torna-se mais dificultosa quando o intuito é indicar o momento responsável pelo inícioda existência humana. No entanto, controvérsias firmaram-se antes que o consenso sobre a morte fosse aceito pela comunidade científica mundial. Nas palavras de Thoinot:
a morte é a cessação dos atos vitais mas faz necessário saber que êsses (sic) atos tão diversos não cessam todos de uma vez. A morte não é um momento, mas um verdadeiro processo. Em que instante, pois, se coloca o que vulgarmente se chama de morte? Na prática, e com a lógica, admite-se que a vida cessa quando a respiração e a circulação definitivamente se extinguiram: a ação cardíaca sobrevive, em geral, à ação respiratória[...]. Por mais lógica que pareça, esta concepção não é exata: um indivíduo pode estar morto e o coração ainda em movimento.[2]
Como exemplo de indivíduos mortos que os corações ainda apresentaram atividade, Thoinot cita casos de pessoas decapitadascujos corações ainda continuaram a bater por tempo considerável.
Para Croce e Croce Júnior,
antes do advento da era da transplantação dos órgãos e tecidos aceitava-se a morte como