Diversidade etnica
Maria Aparecida Clemêncio Este texto é um convite à reflexão, com o propósito de instigar a curiosidade dos professores, incluindo os de arte, a pensar e trazer para o cotidiano da sala de aula, o respeito e atenção com grupos étnicos não hegemônicos, neste caso específico, dos afrodescendentes. Promover o debate sobre a importância de se incluir nos cursos de formação de professores, o estudo sobre a diversidade étnica é uma de nossas preocupações. Focalizaremos as questões da diversidade, a partir da etnia afrodescendente, para compreendermos e valorizarmos as questões da diferença étnica/racial na educação. Nesta perspectiva, apontamos limitações e possibilidades nas práticas pedagógicas na relação com as identidades diferenciadas, no sentido de fomentar e estimular os professores a refletirem sobre as diferenças étnicas na escola.
Num passado recente, tínhamos uma visão bastante restrita de cultura: o de instrução escolar para as classes populares e de belas artes, artes plásticas, dança e literatura para a classe dominante (Chauí, 1999). Esta noção de cultura ainda não foi de todo vencida, ela permanece no consciente coletivo das pessoas o que de certa forma as impede de perceber o seu sentido maior e conseqüentemente as suas diferentes manifestações. A cultura que enfatizaremos abrange um sentido antropológico, entendido como construção histórica, ultrapassa as leis físicas ou biológicas, e é um produto coletivo da vida humana. Esta noção de cultura traduz-se num sentido mais amplo, implicando uma outra responsabilidade, a discussão sobre a pluralidade e diversidade cultural entre os povos. Algumas pesquisas de investigação desta
Os professores e a escola: lidando com a diversidade étnica
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questão na educação têm sido desenvolvidas, das quais podemos citar Gomes (1996), Silva (1993, 1997) e Candau (1996, 2003). Apontam investigações em torno da formação de professores/as, num contínuo