Liberdade e igualdade tocqueville
Ao se falar de Tocqueville é falar da questão de “liberdade e igualdade”, por isso é o mesmo que falar de democracia. De acordo com Tocqueville, é preciso salvaguardar a liberdade porque ela constitui parte essencial do mecanismo que propicia o aprimoramento das capacidades tanto dos homens quanto das instituições democráticas, capacidades estas que se refletem no desenvolvimento da própria nação. No entanto, dois grandes perigos assombram os regimes democráticos, de forma a solapar a liberdade em seu interior: de um lado, o despotismo do Estado, que é o fortalecimento exacerbado do poder estatal. Tal fortalecimento emerge a partir do alargamento das preocupações dos indivíduos com seus negócios particulares e conseqüente abandono dos negócios de ordem pública. De outro lado, há a tirania da maioria, que se manifesta a partir dos hábitos e dos costumes da maioria, e que ameaça destruir a vontade e o senso crítico das minorias e/ou de indivíduos isolados.
Observando que o fenômeno da democratização estava em curso em todos os lugares e reconhecendo que o pressuposto da democracia é muito mais a igualdade do que a liberdade, Tocqueville atribui a esta última a função de remediar os perigos que a democracia igualitária representa para a espécie humana.
Para combater os males que a igualdade pode produzir, Tocqueville aponta como solução a liberdade política. É somente através da liberdade política de associarem-se entre si que os cidadãos podem se livrar tanto da tirania da maioria quanto do despotismo do Estado. As associações livres fazem com que os indivíduos saiam de si mesmos e se ocupem de questões públicas, o que lhes fornece idéias acerca de ações que digam respeito ao bem público.
O autor imaginou uma situação em que o corpo social pudesse estar organizado de forma estável, na qual as classes se confundissem e os domínios, assim como o poder, fossem partilhados por todos. As “luzes” seriam propagadas e os intelectos nivelados.