Leo Kanner - Distúrbios do Contato afetivo
por Leo Kanner (1943)
Desde 1938 nossa atenção foi atraída por um certo número de crianças cuja condição difere tão marcada e singularmente de tudo que foi relatado até o momento, que cada caso merece ? e espero que acabe por receber ? uma detalhada consideração de suas fascinantes peculiaridades. Neste artigo, a limitação necessariamente imposta pelo espaço pede uma apresentação resumida do material clínico; pela mesma razão as fotografias também foram omitidas. Como nenhuma das crianças deste grupo atingiu ainda uma idade superior a onze anos, este relato deve ser considerado preliminar, a ser ampliado à medida que os pacientes forem crescendo e mais observações sobre seu desenvolvimento sejam feitas.
Artigos
Caso 1
Donald T. foi examinado pela primeira vez em outubro de 1938, com a idade de cinco anos e um mês. Antes da chegada da família, vinda de sua cidade natal, o pai enviou um histórico de trinta e três páginas datilografadas, que apesar de repleto de muitos detalhes obsessivos, fornecia uma excelente exposição dos antecedentes de Donald. Donald nasceu a termo em oito de setembro de 1933.
Pesava aproximadamente três quilos e duzentos gramas ao nascer. Foi amamentado, recebendo alimentação suplementar até o fim do oitavo mês; houve freqüentes mudanças das fórmulas do leite. ?Comer?, dizia o relatório, ?foi sempre um problema para ele. Ele nunca apresentou um apetite normal. Ver as crianças comendo doces ou sorvete nunca foi uma tentação para ele?. A dentição ocorreu satisfatoriamente.
Ele
andou aos treze meses. Com um ano ?ele era capaz de cantarolar sussurrando e cantar várias melodias com perfeição?. Antes dos dois anos, tinha ?uma memória incomum para rostos e nomes, sabia o nome de um grande número de casas? de sua cidade. ?Era encorajado pela família a aprender de cor e a recitar pequenos poemas e ele decorou até o Trigésimo Terceiro Salmo e as vinte e cinco perguntas e respostas
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