Lei seca

A Lei Seca dos EUA, em comparação com o contexto de reciprocidade e confiança.

Assim como o Blat soviético, o mercado clandestino de bebidas também era um mecanismo para contornar as imposições institucionais, que na caso da União Soviética foi a ideologia de governo, e nos EUA a Lei Seca. Portanto, os dois casos tem em comum o contexto de escassez, com a questão da falta de acesso formal a determinados bens de consumo. Logo a ineficácia em manter tais limitações no consumo foi o que possibilitou ambos os mercados, enquanto possibilidade de fornecer outras formas de acesso, demonstrando incapacidade no sistema.

Durante a lei seca, as pessoas ignoravam as imposições legais e procuravam meios para adquirir bebidas alcoólicas. Primeiramente elas próprias as traziam de países como o Canadá, ocorrendo até mesmo a fabricação do próprio uísque no quintal de casa. Mas no contexto de escassez e aumento da procura, o fornecimento acabou sendo organizado, com o mercado clandestino de bebidas sendo tomado por gangsters, que antes viviam de outros negócios ilegais como os jogos e a prostituição. A demanda passou, então, a ser atendida por um grupo em particular, que possuía os meios para oferecer o produto. Esta relação entre comerciantes e consumidores se dava de uma forma impessoal e assimétrica, onde a necessidade de consumo era o que se fazia valer, instituindo relações meramente instrumentais e efêmeras. A relação entre os próprios detentores do mercado não era instituída dentro do conceito de concepções de controle, com conhecimento e leitura das variáveis de mercado, uma vez que os gangsteres se impunham neste mercado corrompendo autoridades e matando seus concorrentes.

A confiança e reciprocidade fica abalada, tanto na relação entre os fornecedores entre si, quanto entre estes e os consumidores. O contexto de escassez, no caso da lei seca, leva a uma condição onde