LARA, Silvia Hunold. Campos da Violência- Escravos e Senhores na Capitania do Rio de Janeiro 1750-1808. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1988.
No livro Campos da violência, Silvia Hunold Lara nos leva a compreensão de um escravo que não era apenas um espectador da sua condição, mas que era ativo e criava formas de resistir; uma escravidão que se fortaleceu através do Patriarcalismo e dos costumes, e que se sustentou, dentre outros, através do castigo físico imposto aos cativos.
A autora inicia o texto falando sobre os pontos que asseguravam a continuidade da exploração colonial, bem como a exploração do senhor sobre o trabalho escravo, e a relação que existe entre eles. A metrópole mantinha sua dominação sobre o colono, e o senhor sobre seu escravo, e para ambos os casos eram usadas uma série de medidas de dominação (social, político e jurídico).
Essas medidas passaram a auxiliar a coroa na perseguição a escravos fugidos como forma de “controle social”. Havia uma preocupação da Metrópole sobre a relação senhor-escravo, da qual ela não possuía um controle eficiente. O texto, então, fala sobre os mecanismos encarregados de assegurar a dominação do senhor sobre o seu escravo, garantindo a exploração escravista. Esses mecanismos são representados, primeiramente, pela Igreja e a redução de todo o não cristão a pagão, neste caso específico os mouros, reduzindo-os à perpétua escravidão, o que de certa forma não justifica a permanência desse cativo como escravo após a conversão para o cristianismo. O segundo mecanismo é representado pela Ideologia escravista, representado no texto pela autora como “um sistema integrado de crenças, suposições e valores”, que a autora lembra circular no nível de dominação metrópole-colônia e não senhor-escravo.
No sentido de dominação senhor-escravo, a autora destaca alguns homens que viveram durante o período colonial e a forma com que eles descrevem o escravo e sua condição de trabalhador submisso, dentre eles Jorge Benci, que parecia