resenha fragmentos
LIVROS & REDES
Leituras políticas da escravidão na América portuguesa
Political readings of slavery in Portuguese America
Anderson José Machado de Oliveira
Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira / Universidade do Estado do Rio de Janeiro
O
campo de estudos sobre a escravidão foi um daqueles que mais renovação produziram no seio da historiografia brasileira desde a década de 1980. Superou-se, no plano analítico, a idéia de uma “escravidão branda”, presente no clássico Casa-grande & senzala de Gilberto Freyre (1989), e a idéia do “escravo coisa”, mote analítico da chamada Escola Sociológica Paulista, cujos principais expoentes foram Florestan Fernandes (1965), Fernando Henrique Cardoso
(1997) e Octávio Ianni (1962). Os historiadores responsáveis por aquela renovação, entre eles Silvia Lara com o seu magistral livro
Campos da violência (1988), advogaram a necessidade de compreender,
Lara, Silvia Hunold. numa perspectiva dialética, o sistema escravista como produto das
Fragmentos
setecentistas: imbricações do paternalismo e da violência, além de se atentar para escravidão, cultura e o estudo da subjetividade do cativo, demonstrando que a violência poder na América
Portuguesa. São Paulo: do sistema não colocou o escravo numa situação de anomia social.
Companhia das Letras.
Diante dessa nova perspectiva, desenvolveram-se novos estudos sobre
2007. 430p. o protesto do escravizado que, até então, só tinha sido analisado como ‘reação’, passando a ser visto como ‘ação política’ dotada de significados pelos cativos. Novos estudos desbravaram campos como a família escrava, o universo das alforrias, a escravidão urbana, o tráfico atlântico pensado também do prisma das sociedades africanas, as religiosidades, as festas, entre outros.
O presente livro de Silvia Lara insere-se na renovação e na ampliação de outro campo da reflexão historiográfica sobre a escravidão,