Keynes em Aparato de Equilíbrio e Desequilíbrio Geral
Em relação à interpretação da obra de Keynes empreendida pelos arquitetos da Síntese Neoclássica, argumenta-se que ocorreu um aprisionamento do aparato analítico presente na Teoria Geral em um aparato de equilíbrio geral. Como conseqüência retirou-se a hierarquia dos mercados, a assimetria de poder dos agentes, a incerteza. Perdeu-se o significado do que seja uma economia empresarial e, também, o de uma economia monetária. Assim, como bem observa Rotheim1, a economia keynesiana do mainstream substituiu a teoria da demanda efetiva por uma teoria mecanicista “da demanda agregada”. A seguinte passagem ilustra bem o argumento deste autor, recuperado neste artigo:
“O que falta nos modelos Keynesianos agregados é um papel para a tomada de decisão individual, algo que para Keynes deveria fazer parte do corpo de qualquer teoria geral do processo econômico. Quando se identifica a determinação da renda futura ao fluxo de renda corrente, a tomada de decisão individual fica reduzida a um algorítimo mecânico que iguala a produtividade marginal do capital com a taxa de juros monetária”. (Rotheim,1995:166)
A teoria da determinação do emprego e da renda deixou de se assentar numa teoria da tomada da decisão do agente proprietário de riqueza. O desemprego involuntário, que tomamos aqui como problema macroeconômico “par excellence”, passou a depender de uma suposta rigidez de salários nominais, sem a qual o modelo escorregaria para o pleno emprego.
A leitura desequilibrista, por seu lado, ao retirar de cena a figura do leiloeiro, abriu espaço para que ocorressem “falhas de coordenação”. O desemprego involuntário poderia, assim, ocorrer mesmo com perfeita flexibilidade de preços. Os efeitos de “transbordamento” (“spillover”) dos desequilíbrios de um mercado para outro caracterizavam uma quebra da lei de Walras. No entanto, isso decorria, em última instância, de uma “falha de comunicação” entre agentes vendedores e