Kant e o criticismo
O tema da "revolução copernicana" não diz simplesmente respeito ao plano do conhecimento, embora os textos de Kant referentes a essa sua revolução incidam no problema da ciência e da sua fundamentação metodológica. Ora, na verdade, que "o objecto gire em torno do sujeito" (entenda-se do sujeito humano) é algo que se pode verificar em planos não científicos como a moral, a religião e a estética.
1. A "REVOLUÇÃO COPERNICANA" DE KANT NO PLANO DO CONHECIMENTO
A "revolução copernicana" de Kant traduz o primado da actividade do sujeito no plano do conhecimento, uma vez que embora comece com a experiência, ele procede ou deriva das formas a priori do sujeito. O conhecimento só é possível se o objecto for adequado à nossa capacidade de conhecer. Assim, o nosso conhecimento define-se pelo seu carácter transcendental porque, propriamente falando, nós não conhecemos os objectos em si mesmos, mas a forma de os conhecer. Por isso diz Kant "que só conhecemos a priori nas coisas o que lá pomos". A universalidade e a necessidade que caracterizam os juízos sintéticos a priori ou científicos são obra do sujeito e dizer que conhecemos os objectos cientificamente é dizer que conhecemos a relação necessária que entre eles estabelecemos.
Assim, o objecto da actividade cognitiva gira em torno do sujeito e por ele devemos entender a objectividade que o sujeito constitui. Por objectividade entendemos o conhecimento científico. Conhecer cientificamente é estabelecer relações necessárias entre os objectos, ou seja, é objectivar. A objectividade é um acto ou uma construção do sujeito: é o conjunto de relações necessárias que certas formas a priori (não derivadas da experiência) do sujeito estabelecem entre os dados empíricos. O conhecimento objectivo depende (gira em torno) de condições a priori que só podem estar no sujeito que conhece.
Tal como Copérnico substituiu o geocentrismo pela ideia de que a Terra girava em torno do Sol, Kant substituiu