JUSTIÇA
A eterna questão da humanidade é: o que é a justiça? Nenhuma outra questão foi tão passionalmente discutida e por nenhuma outra foram derramadas tantas lágrimas, tanto sangue e tantos sofrimentos. E, até hoje, no entanto, ela continua sem resposta.
Entretanto, podemos chegar próximo do conceito de justiça mudando a pergunta para: o que é felicidade? O desejo do homem por justiça é o mesmo desejo que ele possui por felicidade. Já que ele não pode tê-la como indivíduo isolado, ele procura essa felicidade dentro da sociedade em que vive. Assim, podemos dizer que justiça é felicidade social; é a felicidade garantida por uma ordem social. Nesse sentido, é possível identificar a justiça com a felicidade, sendo que só o justo é feliz e o injusto é infeliz.
Como haver uma ordem justa, isto é, que proporcione felicidade a todos, se entendermos por felicidade o sentimento subjetivo que cada um entende para si mesmo? É inevitável, então, que a felicidade de um entre em conflito com a felicidade de outro: o amor pode ser a principal fonte de felicidade para um tanto de infelicidade para outro. Dois homens podem amar uma mesma mulher e pensar que eles não poderão ser felizes se não tê-la só para si. Nenhuma lei poderá resolver esse problema de forma justa, isto é, de maneira que os dois homens possam ser igualmente felizes. Isto pressupõe que não há ordem social capaz de compensar todas as injustiças da natureza.
A felicidade capaz de ser garantida por uma ordem social só o é num sentido objetivo-coletivo, nunca num sentido subjetivo-individual. Assim, podemos entender que felicidade é a satisfação de certas necessidades reconhecidas como tais pela autoridade social – o legislador -, como a necessidade de alimentação, vestuário, moradia e equivalentes e, justiça, seria a distribuição dessas necessidades de forma igualitária entre os homens, sem distinção. Este desejo está enraizado no coração das pessoas, universalmente.
Tornando absolutamente necessário