jovens leitores
No que diz respeito ao público leitor, Pellegrini e Tavares compartilham a opinião de que os leitores dos livros digitais serão, em princípio, majoritariamente os jovens, por sua familiaridade com as novas tecnologias. Mas há que se ressaltar uma mudança no hábito de leitura dos jovens brasileiros que não tem relação direta com a digitalização de textos ou conteúdos de livros. Na atualidade, muitos jovens percorrem com empolgação volumes grandes, com quatrocentas, quinhentas páginas, quando se trata de séries de aventuras surrealistas, com personagens fabulosos em lugares fantásticos. Os exemplos mais marcantes são Harry Potter e Crepúsculo, que se tornaram também filmes de grande sucesso.
Fenômenos como esses não eram comuns até pouco tempo atrás. A boa adesão do jovem à prática da leitura já é observada na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, segundo a qual crianças e jovens de até vinte e quatro anos leem mais que os leitores mais velhos, conforme ilustra o gráfico abaixo (para detalhes sobre gêneros lidos e faixa etária, ver infográfico nesta edição).
Número de livros lidos por ano por faixa etária, no Brasil
A relevância do público jovem também ficou evidente na 21ª Bienal do Livro de São Paulo, que aconteceu na capital entre os dias 12 e 22 de agosto. Segundo a pesquisa do Datafolha, contratada pelos organizadores da feira, grande parte do público era formada por jovens (33% com até 25 anos; 33% de 26 a 40 anos; 25% de 41 a 55 anos, e 8% de pessoas com 56 ou mais anos).
Vitor Tavares chama de “geração Harry Potter” os jovens que leem preferencialmente livros com temas de bruxarias e vampiros, que aguçam seu imaginário. Mas a leitura das obras literárias clássicas ainda fica por conta da pressão dos vestibulares, que nem sempre é acompanhada dos efeitos esperados sobre a compreensão de textos em geral ou o estímulo ao ‘prazer’ pela descoberta de seus possíveis significados por parte do jovem leitor (ver artigo de Vera