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1787 palavras 8 páginas
Adaptações literárias para jovens leitores
Por Gizelle Kaminski Corso

O aparecimento de uma literatura para leitores infantis e juvenis ocorre mais precisamente por volta do século XVIII, quando, aliado à burguesia (nova noção de família, centrada em um núcleo unicelular), vem à tona o conceito de “infância” e, consequentemente, o de criança. A burguesia separou a infância da idade adulta, vendo aquela como uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e formação específica. Os primeiros textos para crianças foram produzidos por pedagogos e professores, com marcante teor educativo – daí é que vem a associação da literatura infanto-juvenil com a escola e com a pedagogia, e a justificativa de alguns livros para crianças em circulação no Brasil, no início do século XIX, confundirem-se com obras didáticas.

Apesar de a origem desses textos ter acontecido por motivos pedagógicos, e não literários, a literatura infanto-juvenil originou alguns tipos de textos exclusivamente seus, como a história de animais ou como os contos de fadas.

É de adaptações de textos clássicos e de contos de fadas que provém e se fortalece a literatura para jovens leitores. Compilados pelo francês Charles Perrault, no século XVII, adaptando-os de narrativas populares e revestindo-as de valores da burguesia, e pelos famosos alemães Jacob e Wilhelm, conhecidos irmãos Grimm, no século XIX, os contos de fadas não foram escritos especialmente para as crianças bem como não faziam parte da educação burguesa. Esses contos, anônimos e, portanto, recolhidos do seio do povo – do folclore popular –, eram ligados às camadas inferiores e estabeleciam conexões entre a situação social e a condição servil. Assim, por meio desses materiais preexistentes, como os clássicos e os contos de fadas, essa literatura começou a constituir o seu acervo. Por possuírem um conteúdo onírico latente e abrigarem a presença do elemento mágico, que auxilia os personagens a vencerem dificuldades, por exemplo,

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