Jantar do hotel central
CENAS DA VIDA PORTUGUESA
O JANTAR DO HOTEL CENTRAL (Cap. VI)
Um acontecimento mundano, cuja intenção fundamental é homenagear o banqueiro Cohen, de cuja mulher Ega é amante. É Ega o promotor da “homenagem”.
1. Serve fundamentalmente para propiciar um primeiro e alargado encontro/contacto de Carlos com o meio social lisboeta, que adopta uma posição crítica (exterior aos conflitos).
2. Estão representados os temas mais proeminentes da vida político-social e cultural lisboeta.
3. Temas político-sociais e históricos: inoperância da classe política; corrupção dos banqueiros; desvalorização do que é português e exaltação dos modelos estrangeiros (Francês e Inglês) – o cínico calculismo com que a degradação financeira do país é comentada por Cohen, um dos principais beneficiários da situação; a miopia histórica de Alencar, reveladora de uma mentalidade retrógrada que via na ameaça espanhola um perigo para a independência e esquecia o adormecimento geral do país.
4. A Literatura: Alencar e Ega personificam uma forma de antagonismo, cujos termos opostos pecam igualmente por excesso.
De um lado (Alencar), o exagero e a incoerência da “moralização” ultra-romântica e consequente fuga ao real circundante;
Do outro (Ega), a distorção das teses naturalistas.
Por outro lado, Craft e Carlos apontam para soluções artísticas que rejeitam “a realidade feia das coisas e da sociedade estatelada nua num livro”. Apesar disso, as suas posições parecem tender para uma estética de conotações realistas. (pág. 169).
5. A Crítica Literária: Dois Vícios fundamentais da mesma: 1. Mera preocupação com questões de natureza formal (“dois erros de gramática, um verso errado”), em detrimento da dimensão temática e verdadeiramente poética da literatura; 2. A pura obsessão com o plágio (“uma imagem roubada a Baudelaire”), uma atitude de tipo policial, que nada tinha que ver com a valorização estética.
6. Esgotados os argumentos,