O Jantar no Hotel Central - "Os Maias"
Contextualização na obra “Os Maias” de Eça de Queirós
Os “Episódios da Vida Romântica”, que compõem o subtítulo da obra, constituem-se como “flagrantes” da vida portuguesa onde estão representados os defeitos caracterizadores da sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX, em múltiplos aspetos.
Este subtítulo permite-nos o contacto com múltiplas cenas e casos típicos da vida e da sociedade romântica da época da regeneração:
- a sociedade lisboeta (costumes, vícios, virtudes…), representada por personagens que tipificam um grupo, uma profissão, um vício… (as designadas personagens-tipo);
- o mundo social e político da sociedade lisboeta de grande parte do século XIX, através de cenas e quadros: atividades sociais, culturais, desportivas, lúdicas…;
- caráter estático;
- menos ficção, mais descrição;
- menor interferência do narrador, embora opte frequentemente um tom irónico e pessimista.
Nestes episódios observam-se as ações, as atitudes e os comportamentos do protagonista da intriga principal, Carlos da Maia, e dos figurantes, representantes de diferentes aspetos da sociedade portuguesa daquela época.
Trata-se de uma tela viva, onde se movimentam figuras da elite portuguesa pertencentes a diversos sectores (finanças, literatura, aristocracia, entre outros).
O leitor é conduzido por Carlos da Maia aos locais frequentados pelos importantes do país e, através do seu olhar, acede ao retrato desse Portugal medíocre, apático, atrasado, em que, por vezes situações de personagens atingem a categoria de caricatura.
O narrador ironiza, critica, satiriza e de forma em excesso um ou vários traços caracterizadores da Nação, exprimindo, deste modo, a necessidade urgente de reformar os hábitos, os costumes e, sobretudo, a mentalidade de uma gente tão limitado, tão ridícula.
Com o episódio do jantar no Hotel Central, localizado, quanto à estrutura interna, no desenvolvimento da ação e, quanto à estrutura externa, no capítulo