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E PODER
Roland Brouwer | Lídia Brito | Zélia Menete
INTRODUÇÃO
Um sistema nacional de educação é um dos investimentos de longo prazo que mais influencia o desenvolvimento de uma nação, pois é ele que garante a criação de uma massa crítica nacional, reforçando os valores da cidadania consciente e, consequentemente, a capacidade de intervenção responsável do indivíduo e da colectividade na busca do desenvolvimento sociocultural, económico e da sustentabilidade ambiental.
O sistema de educação determina também a relação que surge entre o cidadão e o Governo, dando espaço a um debate à volta das questões políticas numa busca comum pelas soluções dos problemas que o País enfrenta ou, pelo contrário, conduzindo para uma situação em que o cidadão se mantém silencioso perante o seu Governo, nutrindo frustração e revolta.
Falar, por isso, de um sistema nacional de educação é falar também de poder ou da ausência do mesmo, em particular quando o sistema educativo não responde à sua função essencial que é a de aumentar a capacidade de intervenção dos seus cidadãos.
Esta capacidade só poderá ser potenciada se o sistema educativo aumentar o conhecimento na sociedade, aumentar a capacidade de compreensão e reflexão dos cidadãos, o reforço de valores de cidadania, e a criação de uma cultura que promove a competência, e a utilização do saber e da sabedoria no seio da sociedade.
Por isso, apresentamos neste artigo uma análise sobre a evolução das componentes mais importantes do Sistema Nacional de Educação (SNE), de modo a identificarmos e analisarmos os desafios que essa evolução traz para o País e ligamos esta análise ao tipo de sociedade que queremos construir e, consequentemente, ao sistema educativo que dá a base sólida necessária para essa construção. Essa é a base que permite reflectir sobre formas alternativas de pensar a educação e propor assim algumas questões para debate.
Educação, Formação Proficional e Poder