Intervenção precoce
Mais do que uma exposição teórica acerca dos objectivos e funções da Intervenção Precoce (IP), com este trabalho pretendemos, fazer a exposição de um caso prático de uma criança acompanhada pela IP, bem como uma reflexão global acerca da importância da intervenção nos diferentes contextos da nossa sociedade actual. A IP é um conjunto de intervenções de cariz médico, educacional, psicológico e social que se dirige à criança, à família e ao seu contexto envolvente. Assim, a IP tem como destinatários crianças até aos 6 anos e suas famílias. Estas crianças são seres vulneráveis, cujo desenvolvimento está ameaçado, ou já está claramente comprometido por condições biológicas ou ambientais (Almeida, 2002). A IP tem, portanto, subjacente o conceito de desenvolvimento e da sua estimulação nas diferentes áreas – motora, social, emocional e cognitiva -, entendendo-o de uma forma contextualizada. Porém, o seu objectivo não se limita, nem se pode confundir com a estimulação precoce; sendo muito mais complexo e abrangente (Almeida, 2002). O caminho percorrido até às concepções actuais das práticas de IP centradas na família dependeu de uma série de contributos, quer a nível prático, quer a nível teórico. A nível prático, o realçar dos papéis dos pais como co-terapeutas, os relatórios dos programas em vigor, que indicavam a variabilidade do grau de participação das famílias, a alteração dos padrões familiares e a progressiva valorização dos movimentos de educação compensatória, que procuravam envolver a família de crianças em risco ambiental, constituíram alguns desses factores (Robinson, Rosenberg & Beckman, 1988 citted in Serrano & Correia, 1998). A nível teórico, foram vários os contributos que influenciaram algumas mudanças, nomeadamente, algumas das teorias no campo da psicologia do desenvolvimento as quais vieram clarificar a importância quer da interacção individuo-ambiente na construção do conhecimento e no desenvolvimento