intertextualidade introduçao
Obdália Santana Ferraz Silva
No tecer não hierarquizado dos fios – texto é tecido – de palavras e de significações que constituem um texto – textualidade –, autor e leitor vão compondo as diferenças, rumo, ao desfiar da(s) trama(s), a uma articulação coerente e voluntária de enunciados e produção de sentidos, cujo fenômeno constitutivo é a intertextualidade, na qual vozes se cruzam e transformam em outras vozes, tornando o texto, como lembra Barthes, “uma troca que espelha muitas vozes” (1992, p. 73), que falam e polemizam o/no texto, instaurando, nesse espaço, o diálogo com outros dizeres. Assim, um texto é uma voz que dialoga com outras tantas vozes (polifonia); e, como o grito do galo, seu eco avança e se faz presente no tempo e na história e cultura de um povo, de uma sociedade, gerando intertextualidades. Como intertextualidade, entendem-se os “[...] modos como a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento que se tenha de outros textos com os quais ele, de alguma forma, se relaciona” (KOCH, 1998, p. 46). Isso quer dizer que todo texto possui uma certa incompletude, marcada por lacunas, as quais serão sempre preenchidas pelas inferências dos vários leitores, os quais se tornarão, desse modo, co-autores do texto. Este, por sua vez, é povoado por uma hibridização de vozes sociais e históricas, formando um diálogo de textos; um diálogo dos tempos, das épocas, em que coexistência e evolução se enredam na diversidade das linguagens. Instaura-se, então, um novo modo de ler que provoca fissuras na linearidade da palavra escrita, a qual é sempre deslocada para um novo contexto, a cada leitura. Assim, ainda citando Barthes, é “Impossível [...] atribuir à enunciação uma origem, um ponto de vista. E essa impossibilidade é uma das medidas que permitem apreciar o plural de um texto. Quanto mais difícil situar a origem da enunciação, mais plural é o texto” (1992, p. 73), que