Interpretação
01 Quem se dedicar hoje a ler todos os livros, manuais e artigos sobre o que é ser um "bom
02 profissional" certamente vai desistir de tentar qualquer emprego. Em primeiro lugar, as
03 descrições que encontramos são sempre de "super-homens", que nunca têm estresse, não
04 se cansam, são capazes de infinitas adaptações, nunca brigam com a família... Ou seja,
05 não é descrição de gente.
06 Em segundo lugar, o conjunto dessas fórmulas é francamente contraditório. O que uns di-
07 zem que é bom outros acham que não. É como se cada autor, cada consultor, cada
08 articulista pegasse uma idéia, transformasse em regra e quisesse aplicá-la a todos os seres
09 humanos, de qualquer sexo e de qualquer cultura.
10 Não é preciso muita sociologia para perceber que esse emaranhado todo, ao pretender indi-
11 car o bom caminho para o profissional, desenha uma espécie de "tipo ideal" de trabalhador
12 para as necessidades do mercado. E como o próprio mercado é todo cheio de ambigüidades
13 e necessidades que são contrárias umas às outras, o que sobra para nós é uma grande
14 perplexidade.
15 Então que tal parar um pouco de pensar no mercado e pensar em você mesmo? Qual é o
16 "algo a mais" que você, com sua personalidade, suas aptidões, seu jeito de ser, qual é esse
17 "algo" que você pode desenvolver? É preciso saber que formação é a mais adequada para
18 você, não a formação mais adequada para o mercado.
19 As diferentes cartilhas, as diversas teorias, as fórmulas mágicas servem apenas para tentar
20 conduzir todo mundo para o mesmo lugar. O desafio é sair desse lugar e se tornar alguém
21 incomum, de acordo com seus desejos e interesses. Então, não será apenas uma questão
22 de "empregabilidade", como dizem, mas de vida.
23 Pode até não parecer, mas nós somos seres humanos, com dignidade. No mercado, há
24 obviamente mercadorias, simplesmente com preço. E