Interpretação da música Cálice

Interpretação da música: Cálice, de Chico Buarque.

Na época da ditadura, as músicas, assim como teatros e TV entre outros, eram censuradas, Chico Buarque foi um dos artistas que mais se destacou nessa época, fazia músicas que aparentemente não tinham nada de mais, porém tinha um duplo sentido que a censura não enxergava. Uma das músicas mais importantes dele foi “Cálice”...

“Pai afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue [...]

▫ O “cálice” da música, não está se refirindo a um cálice de bebida, e sim ao “cale-se” que a ditadura obriga a população a “tomar”, “de vinho tinto de sangue” não está falando sobre vinho tinto, e sim sobre o sangue de tantas pessoas que eram mortas por simplesmente expressar sua opinião.

[...] Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa [...]

▫ Essa parte toda fala sobre o sofrimento de toda a população, e a dor que ela sentia, o tumulto que era nas ruas devido a passeatas, que eram fortemente e violentamente repreendidas, “Mesmo calada a boca, resta o peito” as pessoas que não tinham coragem de se opor sentiam dentro delas tudo aquilo, não queriam ficar caladas, mas eram obrigadas.

[...] De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o