amazonia
Durante o período Ditatorial os artistas usavam uma linguagem metafórica para escaparem das rigorosas perseguições imposta pela Ditadura militar aos artistas, políticos e intelectuais na época. Chico Buarque que de tanta perseguição adotou o pseudônimo Julinho da Adelaide e Gilberto Gil, na música Cálice se expressam dessa maneira, como podemos observar em toda a conjuntura dessa composição. No decorrer da letra os artistas fazem um apelo ao governo ditatorial que é referido na música como "pai" pedindo a este que afastem deles o "Cálice" de vinho tinto de sangue, que seria toda aquela repreensão, tortura e dor que a censura derramava a todos aqueles que expressavam suas ideologias e seus sentimentos contraditórios aqueles que o regime havia imposto sobre eles e outros artistas, ou seja, o silêncio.
Como beber dessa bebida amarga. Engolir a dor, e devorar a labuta. Dizem eles em outro trecho da música se referindo á maneira que, para eles e toda classe pensante, conhecedora dos ideais democráticos, era difícil aturar e viver num sistema político que privava o direito dos artistas de se expressarem. Mais à frente eles dizem que mesmo calada a boca, resta o peito, silêncio na cidade não se escuta; isto é, mesmo forçados a se calarem, e, a não mostrarem a sociedade através de suas músicas tudo aquilo que sentiam e enxergavam, ainda restava todo o ressentimento e rancor pela a atual situação, e, como dizem silêncio na cidade não se escuta, estão tentando dizendo que mesmo censurados, a classe pensante, estava a par da situação política do país, tanto os que aqui se encontravam e até mesmo os exilados estavam se manifestando. Mediante a situação do país os autores dizem que seria melhor estarem em uma realidade menos morta, isto é, que não só a classe intelectual, mas sim toda a sociedade esboçasse alguma manifestação mediante toda a força bruta e a mentira imposta pelo governo.
Esse silêncio me atordoa. Atordoado eu permaneço atento