Intelectuais pelegos
Francisco Fernandes Ladeira
Em janeiro de 2003, após três tentativas frustradas, o Partido dos Trabalhadores, através de Luis Inácio Lula da Silva, assumia, enfim, à presidência da República. Para alguns intelectuais, essa seria a grande oportunidade para o Brasil ter um governo realmente de esquerda, direcionado aos anseios e aspirações populares. Em contrapartida, outros pensadores já demonstravam certo ceticismo em relação ao mandato de Lula, pois o ex-líder sindical, antes mesmo de ser eleito, já havia divulgado a famigerada “Carta ao Povo Brasileiro”, em que se comprometia a manter a estrutura conservadora de nosso Estado. Não obstante, Lula tinha como vice-presidente nada menos que José de Alencar, um dos maiores industriais do país na época, filiado ao antigo Partido Liberal, um dos expoentes da direita brasileira. Assim, era extremamente controverso para um candidato que se proponha a defender os interesses da classe trabalhadora, ter como companheiro de chapa justamente um grande capitalista. Pois bem, após dez anos no poder, a concepção de que o PT faz uma gestão melhor do que a de seu antecessor, PSDB, é praticamente unânime entre os pensadores progressistas. Por outro lado, também é fato que o mandato petista está muito aquém do que pode se esperar de um governo de esquerda. Entretanto, alguns pensadores ainda insistem em defender cegamente as gestões petistas. São os “intelectuais pelegos”. Assim como trabalhadores pelegos estão demasiadamente vinculados aos patrões, portanto agindo contra os seus interesses classicistas; os “intelectuais pelegos” são pensadores que, ao invés de manter uma postura crítica em relação ao Executivo Federal, preferem atrelar-se incondicionalmente ao governo. Vejamos alguns exemplos de peleguismo intelectual. Emir Sader, conhecido sociólogo paulista, tem publicado em seu blog inúmeros artigos em que endeusa as figuras de Lula e Dilma Rousseff. “[Os governos