Para que a história da educação?
Toda a acusação suscita defesa. Assim sendo, não espanta a proliferação de textos que procurem defender a história da educação. Não voltarei, agora, a esta literatura excessivamente autojustificativa. Mas vale a pena ensaiar outra resposta à pergunta “para que história da Educação?”.
Para cultivar um saudável ceticismo – Vivemos num mundo do espetáculo e da moda, particularmente no campo da educação. A “novidade” tende a ser vista como um elemento intrinsecamente positivo. Há uma inflação de métodos, técnicas, reformas, tecnologias. Mais do que nunca é preciso estarmos avisados em relação a estas “novidades”, evitando o frenesi da mudança que serve, regra geral, para que tudo continue na mesma. A história da educação é um dos meios mais eficazes para cultivar um saudável ceticismo, que evita a
“agitação” e promove a “consciência crítica”. Não estou a falar de uma história cronológica, fechada no passado. Estou a falar de uma história que nasce nos problemas do presente e que sugere pontos de vista ancorados num estudo rigoroso do passado.
Para compreender a lógica das identidades múltiplas – Vivemos uma época marcada por fenômenos de globalização e por uma desenraizada circulação de idéias e conceitos e, ao mesmo tempo, por um exacerbar de identidades locais, étnicas, culturais ou religiosas. Uma das funções principais da história da educação é compreender esta lógica de “múltiplas identidades”, por meio da qual se definem memórias e tradições, pertenças e filiações, crenças e solidariedades. Pouco importa se as comunidades são “reais” ou “imaginadas”.
Não há memória sem imaginação (e vice-versa). À história cumpre elucidar esse processo e, por esta via, ajudar as pessoas (e as comunidades) a darem um sentido ao seu trabalho educativo.
Para pensar os indivíduos como produtores de história – As palavras do cineasta Manuel de Oliveira na apresentação de seu último filme merecem ser recordadas: “O