Inside Job
Há cinco anos, as principais economias mundiais tremiam diante da pior adversidade desde a Grande Depressão de 1929
"Eu acredito muito na livre iniciativa, por isso o meu instinto natural é se opor a intervenção do governo. Eu acredito que as empresas que tomam más decisões devem sair do mercado. Em circunstâncias normais, eu teria seguido esse curso. Mas estas não são circunstâncias normais. O mercado não está funcionando corretamente. Houve uma perda generalizada de confiança, e grandes setores do sistema financeiro da América estão em risco".
O texto acima é um trecho do pronunciamento à nação feito por George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, no dia 24 de setembro de 2008. O discurso tinha o objetivo de explicar aos americanos o porquê de o governo torrar US$ 700 bilhões em uma semana para socorrer bancos à beira da falência por conta de investimentos em títulos imobiliários podres.
A crise de 2008, considerada a pior desde a Grande Depressão de 1929, começou bem antes de Bush fazer seu pronunciamento, mas teve seu ápice no dia 15 de setembro, uma segunda-feira, quando o banco Lehman Brothers, o quarto maior dos Estados Unidos, declarou à falência. Naquele dia, ex-funcionários, recém-desempregados, deixavam o prédio do banco incrédulos com o que estava acontecendo.
Desta segunda-feira negra até a quinta-feira da mesma semana, as bolsas mundiais perderam US$ 4 trilhões. As ações tiveram seu pior dia desde os atentados de 11 de setembro. O tesouro americano se viu obrigado a abrir as torneiras para salvar outros bancos e evitar ainda mais pânico.
Aqui no Brasil, a tensão foi grande nos dias que sucederam a falência do Lehman Brothers. “O mercado estava um pandemônio, o dólar oscilava 100 pontos por dia e eram muitas as ordens de compra e venda de dólar”, contou um corretor da bolsa que preferiu não se identificar.
Antes restrita aos bancos, o primeiro reflexo da crise sobre as empresas brasileiras