Indíos Krahó (baseado na pesquisa de Julio Cezar Melatti
Os índios Krahó habitam uma área, no norte do Estado de Goiás, situada entre os rios Manoel Alves Grande e Manoel Alves Pequeno, afluentes da margem direita do Tocantins. Os primeiros contatos dos Krahó com a população de origem portuguesa aconteceram no final do século XVIII. Naquele período eles viviam no sul do Maranhão, próximo ao rio Balsas e seus afluentes, na região de Pastos Bons. Hábeis guerreiros, eles resistiram por muito tempo à invasão de seu território. Porém, dali foram expulsos pelos criadores de gado que cobiçavam suas terras. No início do século XIX, uma de suas aldeias foi atacada por vinte soldados e cento e cinquenta voluntários paisanos. Como resultado do ataque, setenta Krahô foram aprisionados e vendidos como escravos em São Luís do Maranhão. Então eles procuraram a paz, a qual era garantida pelos brancos sob a condição de eles não atacarem mais as fazendas. Foi nessa época que eles chegaram às margens do Tocantins.
Para se entender o sistema de parentesco destes índios, não basta apenas relacioná-los à organização familial, ao tipo de residência, às escolhas matrimoniais permitidas, nele também se manifestam relações de natureza ritual, sobretudo o dualismo que permeia uma grande parte das instituições Krahó. Dualismo é um conceito religioso e filosófico que admite a coexistência de dois princípios necessários, de duas posições ou de duas realidades contrárias entre si, como por exemplo, o espírito e a matéria, o corpo e a alma, o bem e o mal, e que estejam um e outro em eterno conflito.
Além da relação de parentesco, a etnia Krahó é rica em toda a sua cultura e individualidade.
O DUALISMO KRAHÓ, CULTURA E RELAÇÃO DE PARENTESCO
A sociedade Krahó se caracteriza em primeiro lugar, pela presença de vários pares de metades, cujos critérios de afiliação são bastante variáveis. Concebem seu universo demarcado de forma dualística. Esta cosmovisão tem sua representação empírica na planta da aldeia, que