Indios
Ceará era habitado ancestralmente por povos indígenas dos troncos Tupi (Tabajara, Potiguara, Tapeba, entre outros) e Jê (Kariri, Inhamum, Jucá, Kanindé, Tremembé, Karatius entre outros), cujas tribos ainda hoje denominam vários topônimos no Ceará.[13] Estes povos já negociavam tatajuba, âmbar, algodão bravo e outros produtos com os estrangeiros que aportavam nas costas cearenses, antes que os portugueses chegassem em 1603 através do litoral. Os portugueses tentaram, já a partir de 1603, estabelecer-se nas terras cearenses, mas sem sucesso devido à intensa resistência dos nativos e à sua falta de conhecimento sobre como sobreviver à interveniência de secas.
A história dos índios no Ceará é marcada por um intenso processo de lutas e resistências. Lutas contra as invasões que tentam expulsá-los de seus territórios. Resistências contra as diversas tentativas de negação de suas existências e culturas. Após décadas utilizando-se do silêncio como forma de resguardarem-se de perseguições, estereótipos e preconceitos diversos, os povos indígenas decidiram, no início dos anos de 1980, assumir uma nova forma de resistência: a afirmação de sua identidade indígena, dando continuidade à luta de seus ancestrais por terra, reconhecimento étnico-cultural e dignidade. 2-COMO É AGORA OS ÍNDIOS DO CEARÁ. Ao romper o silêncio, eles desafiaram não apenas os posseiros, latifundiários, empresários e políticos locais, que há anos praticam invasões em seus territórios, mas também a própria história oficial que afirmava não haver mais índios no Ceará.
Ao mesmo tempo, as elites locais e internacionais impõem à sociedade cearense um projeto de modernização capitalista que está modificando completamente a paisagem do Estado. Sob a máscara do velho discurso do progresso, prometem emprego e desenvolvimento, mas, na verdade, tratam-se de projetos nitidamente elitistas e concentradores de renda, uma nova colonização que não respeitam o meio