Imperatriz Teodora
Conforme descreveu o historiador bizantino Procópio em seu livro História Secreta, Teodora era filha de Acácio, que cuidava dos ursos do Hipódromo em Constantinopla. Ao ficar órfã, seguiu sua irmã na carreira teatral. Com 15 anos, já era uma conhecida dançarina e mímica, famosa por sua beleza e talento cômico (em suas viagens pelo Egito, conheceu Timóteo, um monofisita (que acreditava que Jesus Cristo tinha uma natureza composta humana e divina) que influenciou em muito sua formação religiosa). Sua beleza, ajudada pela arte ou pelo acaso, logo atraiu, cativou e prendeu o patrício Justiniano, que já reinava com poderes absolutos em nome do tio. Justiniano se deleitava em enobrecer e enriquecer o objeto de seus afetos; pôs-lhe aos pés os tesouros do Oriente; estava decidido, o sobrinho de Justino, a, talvez por escrúpulos religiosos, conferir à sua concubina o caráter sagrado e legal de esposa. Mas as leis de Roma proibiam expressamente o casamento de um senador com qualquer mulher que tivesse sido desonrada por uma origem servil ou pela profissão teatral; a imperatriz Lupicínia ou Eufêmia, bárbara de maneiras rústicas, mas de impecável virtude, recusou-se a aceitar uma prostituta como sobrinha, e mesmo Vigilância, a supersticiosa mãe de Justiniano, embora reconhecesse o tino e beleza de Teodora, tinha sérios receios de que a leviandade e arrogância daquela ardilosa amante pudessem corromper a piedade e ventura do seu filho.
A inflexível constância de Justiniano removeu tais obstáculos. Aguardou pacientemente a morte da imperatriz; desprezou as lágrimas da mãe, que não tardou a sucumbir sob o peso da aflição; e em nome do imperador Justino fez promulgar uma lei que abolia a rígida jurisprudência da Antiguidade. Um glorioso arrependimento (palavra do édito) era facultado às desditosas mulheres que houvessem prostituído suas pessoas no teatro, sendo-lhes permitido contrair uma união legal com os romanos mais ilustres.
Quando o tio