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Recente estudo genético, de grande abrangência, indica que os humanos se originaram numa localidade perto da fronteira entre as atuais África do Sul e Namíbia – uma indicação muito mais específica que a antiga vaga noção da origem africana.
Pesquisadores de 11 países colaboraram no estudo de mais de 4 milhões de genótipos, cujo resultado foi publicado on-line, em 30 de abril, na Science. Ao analisar sequências genéticas de 121 populações africanas, 60 populações não-africanas e 4 populações afro-americanas, foi possível retroceder na ancestralidade africana a até 14 agrupamentos.
Charles Darwin foi o primeiro a propor a origem africana dos humanos no seu livro, The Descent of Man, de 1871. Atualmente é completamente aceita a idéia de que os humanos modernos passaram metade de seus 200 mil anos de existência na África, tornando essa região de especial interesse para geneticistas, linguistas e antropólogos. O estudo confirma a hipótese dominante de que a África ainda é o local de maior diversidade genética.
Atualmente a África tem mais de 2 mil grupos etnolinguísticos e os pesquisadores conseguiram detectar sua movimentação dentro e fora do continente, ao combinar padrões linguísticos e genéticos. Entre outras descobertas, está a ancestralidade comum entre pigmeus e grupos de língua khoisan (que usam estalidos para se comunicar), e uma ruptura média na herança genética de afro-americanos, nas populações estudadas (cerca de 71% de africanos do oeste subsaariano, 13% de europeus e 8% de outros grupos africanos). Com um mapa mais detalhado dos genes, os pesquisadores esperam compreender melhor aspectos da saúde e de doenças em muitas dessas populações.
“Nós nos concentramos em pesquisas que beneficiem os africanos,” observa Sarah Tishkoff, principal autora do estudo e geneticista da University of Pennsylvania School of Medicine. Ela acrescenta que trabalhos futuros incluirão “estudos de fatores ambientais e de fatores genéticos