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Em meados de 1847, ainda em meio a precariedades financeiras, Gonçalves Dias publicou os Primeiros Cantos, livro de poesias que tem como abertura o poema "Canção do Exílio".
Alguns dos poemas dos Primeiros Cantos, porventura os melhores, repunham em a nossa poesia o índio nela primeiro introduzido por Basílio da Gama e Durão. Era essa a sua grande e formosa novidade. Nos poemas daqueles poetas não entrava o índio senão como elemento da ação ou de episódios, sem lhes interessar mais do que o pediam o assunto ou as condições do gênero. Nos cantos de Gonçalves Dias, ao contrário, é ele de fato a personagem principal, o herói, a ele vão claramente as simpatias do poeta, por ele é a sua predileção manifesta.
A partir dos Primeiros Cantos, o que antes era tema – saudade melancolia, natureza, índio – se tornou experiência, nova e fascinante, graças à superioridade da inspiração e dos recursos formais.
Na época, a concepção artística do Romantismo ainda não tinha evoluído no verdadeiro sentido da técnica. Entretanto, em Gonçalves Dias, nota-se uma consciência maior. Como vimos, os Primeiros Cantos vêm prefaciado pelo autor que se autodetermina a menosprezar "regras de mera convenção", a adotar "todos os ritmos da metrificação portuguesa", usando deles "como me pareceram quadrar com o que eu pretendia exprimir", de tal modo que compreende a Poesia como o casamento do "pensamento" com o "sentimento". Portanto, não se pode negar o alto grau de conscientização artística que existia em Gonçalves Dias.
Primeiros Cantos, obra de poesia lírica e intimista, é elogiada por Herculano, fato que por si só já lhe vale a consagração na época. Inclusive, com ela se patenteiou e se consolidou o Romantismo Brasileiro.
É nesse livro que se encontram o "Canto do Guerreiro", o "Canto do Piága", o "Canto do Índio", o "Tabyra", e tantas outras poesias de um exaltado americanismo.
Em "O Canto do Guerreiro", o primeiro poema indianista de