Antes de emitir qualquer opinião, a respeito da reforma levada a cabo pelo prefeito Francisco Pereira Passos, na cidade do Rio de Janeiro (1903-1906), se faz mister, uma breve análise das raízes da tecitura social brasileira. O cerne da sociedade brasileira foi gestado, ainda no Brasil colonial, e o resultado desta gestação, foi o nascimento da família patriarcal colonial brasileira, uma família chefiada por um patriarca que detém poder sobre seus filhos e esposa e também sobre agregados e escravos, constituindo uma família extensa. A família patriarcal colonial, construiu, o seu poderio econômico, sobre a base da riqueza agrícola e do trabalho escravo. Tal família tomara em suas mãos a tarefa de construir o país, cultivando o solo, construindo benfeitorias, comprando escravos e ferramentas para produção. O desdobramento, do poder econômico, plasmou-se em domínio político social; o gosto do mando exercido já nas relações privadas estende-se ao domínio público. Avançando no tempo, iremos perceber, que a elite dominante ainda está presente na República Velha, imbuída com os mesmos conceitos de dominação, que foram gestados, ainda no Brasil Colônia; naturalmente a elite dominante republicana, pode ser considerada predecessora, da família oligárquica patriarcal agroexportadora escravocrata do Brasil Colônia, pois trazia em si mesma a gênese cultural, de sua predecessora; ou seja : “O governo de si para si mesmo”. O prefeito Francisco Pereira Passos, possuía uma educação privilegiada, pois estudou economia política no Colége de France da Paris de 1880, além de possuir formação acadêmica em engenharia, percebe-se com certa obviedade, a sua posição social, estabelecida no âmago, da elite dominante à época da República Velha. O autor do texto, André Nunes de Azevedo, passa a discorrer, sobre seus pensamentos e ações, que de certa forma, não o colocam no patamar de “monstro eugenista”. É necessário lembrar que a reforma da cidade do Rio de Janeiro, tinha como