HISTÓRIA DOS CONCEITOS E TEORIA POLÍTICA E SOCIAL:
POLÍTICA E SOCIAL: referências preliminares*
Marcelo Gantus Jasmin
O presente artigo discute, de forma sucinta, algumas das principais questões em torno das quais vem se dando o debate acerca do fazer história do pensamento político e social nas últimas três décadas. Importa esclarecer, comparando, limites e possibilidades teóricas e metodológicas das duas vertentes mais produtivas no campo hoje: o contextualismo lingüístico de Quentin Skinner e a história dos conceitos (Begriffsgeschichte) desenvolvida por Reinhart Koselleck. Pretende-se, com isso, organizar minimamente a pauta de questões em discussão.
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Este trabalho é parte do projeto “Contextualismo lingüístico e história conceitual: o debate teóricometodológico contemporâneo sobre a história da teoria política” e teve apoio do CNPq.
Artigo recebido em novembro/2004
Aprovado em janeiro/2005
I
O debate acerca do que seriam as formas válidas da história do pensamento para o âmbito da teoria política e social ganhou enorme impulso com a publicação, em 1969, na revista History and
Theory, do ensaio metodológico de Quentin Skinner, intitulado “Meaning and understanding in the history of ideas”. Neste ensaio, que ampliava argumentos inicialmente expostos por Dunn (1972) e por Pocock (1969) na esteira das pesquisas de Peter Laslett (1965), Skinner endereçou uma crítica violenta contra várias tradições da história das idéias políticas, acusando-as principalmente de incorrerem no erro comum do anacronismo, ou seja, de imputarem a autores e obras intenções e significados que jamais tiveram, nem poderiam ter tido, em seus contextos originais de produção. O resultado básico dessas histórias criticadas seria a produção de um conjunto de mitologias históricas
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que terminavam por narrar pensamentos que ninguém pensou, portanto, não-histórias.
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