Teoria das Elites
UMA CONTRIBUIÇÃO À CRÍTICA DA
TEORIA DAS ELITES
Décio Saes
Universidade Estadual de Campinas
RESUMO
O objetivo deste artigo é reconstituir o “núcleo duro ”da Teoria das Elites para, a seguir,fazer sua crítica e sugerir um caminho alternativo para a análise do processo político.
PALAVRAS-CHAVE: elite, massa, poder, Estado, classe dominante.
Cientistas políticos neoliberais sugeri ram, inúmeras vezes, que a teoria clássica das elites — aquela presente nos textos de
Mosca, Pareto, Michels e Sorel — está bem morta e enterrada; isto é, exerce uma influ ência muito reduzida no terreno da análise dos processos políticos contemporâneos.
Ora, um exame panorâmico da Ciência Po lítica contemporânea desmente essa afirma ção. Ou seja: elementos nucleares da teoria clássica das elites (algo mais que o uso iso lado e “pragmático” da noção de “elite”) ins piraram análises de processo político típicas do liberalismo conservador, como as de Karl
Mannheim na década de 1930 (Homem e sociedade, Ensaios de sociologia da cultu ra), Joseph Schumpeter na década de 1940
('Capitalismo, socialismo e democracia ),
Raymond Aron na década de 1950 (Luta de classes; Democracia e totalitarism o) e
Robert Dahl na década de 1960 (A moderna análise política ).
Se isso é correto, como se explica a ten dência de muitos cientistas políticos neolibe rais a minimizar a influência exercida pela teoria clássica das elites sobre a análise polí tica contemporânea? A explicação para essa tendência é mais política que científica: pode parecer incômodo aos cientistas políticos neoliberais da atualidade o dever intelectual
de indicar o parentesco teórico entre o libera lismo conservador contemporâneo (a que eles próprios se filiam) e uma escola de pen samento cujos integrantes foram não só críti cos do regime democrático como também simpatizantes (ainda que temporários) do fascismo italiano.
Já os pesquisadores situados fora do cam po ideológico neoliberal e