Revolução zapatista e chiapas
MOVIMENTO DE CHIAPAS:
A TESE DA HE GE MO NIA BUR GUE SA NO MÉ XI CO OU
“POR QUE VOL TAR AO MÉ XI CO 100 ANOS DE PO IS”
Claudia Wasser man
O aniversário de 100 anos da Revolução Mexi cana é uma excelente oportunidade de refletir sobre este processo que im - pactou profundamente o país, deixou marcas permanentes nas gerações futuras e que é, até os dias atuais, reivindicado por par - tidos, movimentos e organizações que pretendem sobressair-se no México.
A reflexão é oportuna também para entender minha própria trajetória acadêmica, que iniciou, há duas décadas, com uma dissertação de mestrado sobre a Revolução Mexicana. O per - curso de uma carreira de pesquisa histórica e a própria escolha dos te mas, bem como os en fo ques pro pos tos, tam bém po dem ajudar a explicar as preocupações de uma geração, suas expec - tativas de futuro e suas experiências mais impac tantes.
Ao redigir a dissertação, em 1989-1990, o socialismo tinha evidenciado o seu fracasso, a redemocratização do Brasil se - guia o curso determinado pelos grupos dominantes e as prédi - cas neolibe rais já dominavam o cenário latino-ameri cano, mas o movimento chiapaneco ainda não havia aparecido. Aliás, nem o movimento chiapaneco havia surgido e tampouco se observava qualquer atividade consistente de movimentos ou organizações de esquerda que lembrassem aquelas que tiveram origem nos anos 1960 e 1970, sob ins pi ra ção da Re vo lu ção Cu ba na. O ce - nário era francamente desfavorável à luta armada ou à radicali - zação e somente na América Central, notadamente na Guatema - la e em El Sal va dor, as guer ri lhas ain da ti nham atu a ção, mas com menor intensidade do que em décadas anteriores.1
Nesta conjuntura, a eclosão do movimento chiapaneco, em janeiro de 1994, surpreendeu os estudiosos, historiadores, pes - quisadores e jornalistas políti cos especializados em Amé rica Latina e, particularmente, os interessados na história do