História da Cidade
O ambiente construído dos homens paleolíticos não passava de uma modificação superficial do ambiente natural, imenso e hostil. O abrigo era uma cavidade natural ou um refúgio de peles sobre uma estrutura simples de madeira. O que documenta esses estabelecimentos mais antigos são, sobretudo, resíduos de atividade humana: sobra de alimentos, os fragmentos provenientes do trabalho das pedras e da madeira e , entre eles, produtos acabados, usados e depois abandonados ou enterrados. A distribuição desses objetos em torno do núcleo da fogueira indica um conjunto unitário que podemos chamar de habitação primitiva. O ambiente da sociedade neolítica não é apenas um abrigo na natureza, mas um fragmento de natureza transformado segundo um projeto humano: compreende os terrenos cultivados para produzir, os abrigos dos homens e dos animais domésticos, os depósitos de alimentos, os utensílios para o cultivo, a criação, a defesa, a ornamentação e o culto.
Capítulo 2 – A Origem da Cidade no Oriente Próximo A cidade – local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade – nasce da aldeia, mas não é apenas uma aldeia que cresceu. Ela se forma quando as industrias e os serviços já não são executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm essa obrigação e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total. Nasce assim o contraste entre dois grupos sociais: dominantes e subalternos. As industrias e os serviços já podem se desenvolver através da especialização e a produção agrícola pode crescer utilizando estes como instrumentos. A sociedade se torna capaz de evoluir e projetar sua evolução. A cidade não é só maior que a aldeia, ela também se transforma numa velocidade muito superior. Ela assinala o tempo da nova história civil: as lentas transformações do campo documentam as mudanças mais raras da estrutura econômica; as rápidas