Historiografia Africana e Tradição Oral
O estudo de uma História da África acadêmica tem suas primeiras mostras a fins do século XIX e início do XX, todavia, com uma visão europeizada e excludente. Antes disso, o exercício da escrita histórica estava amplamente ligado à atividades filosóficas e literárias, como diários de viagens. A visão histórica dos povos africanos respondia ao contexto político, em que já se havia iniciado a conquista do continente e o domínio de seus habitantes, e as poucas obras realizadas não eram fruto do trabalho de historiadores profissionais, visando o debate acerca do comércio de escravos. O tráfico, à época, era um causador de grande caos social no continente africano.
Segundo J. D. Fage, as opiniões acerca da historicidade africana no século XIX eram profundamente influenciadas por Hagel (1770-1831) em sua Filosofia da História, que contém afirmações como: “A África não é um continente histórico; ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento (...) os povos negros são incapazes de se desenvolver e de receber uma educação. Eles sempre foram tal como os vemos hoje”. (Unesco vol I, Desenvolvimento da Historiografia Africana, pág 9)
A nova historiografia africana era permeada por uma recente concepção sobre o trabalho do historiador, que passava a ser mais cientificizado e baseado em rigorosas análises de fontes. Em um mundo extremamente eurocêntrico no qual a