historiadores
Qual a importância de Hobsbawm para a historiografia e para os estudos marxistas?
Gostemos mais ou menos dele, Hobsbawm é certamente o historiador mais importante do século 20. Na verdade, ele e o século se confundem. Sua longevidade, sua incrível produtividade, sua militância como professor ou como pensador de esquerda cortaram a experiência do século 20 inteiro.
Nele, sujeito e objeto se confundem. Em seus livros, aliás, pelo menos desde a Era do Impérios (Ed. Paz e Terra), ele misturou suas experiências de vida – de sua família e da história dos judeus errantes pelo mundo – com seu trabalho historiográfico. No caso do marxismo, sem criar nenhum novo conceito ou rever algum mais tradicional, ele aprofundou e transformou em linguagem acessível todos os temas mais importantes do pensamento de esquerda.
E inclusive adicionou outros menos tradicionais, como o papel das mulheres nas lutas políticas, a questão da nação e dos nacionalismos, a “invenção das tradições”, o “banditismo social”, a história da ciência. E principalmente o estudo social do jazz, do qual era fã. Seu livro História Social do Jazz (Ed. Paz e Terra) é uma referência para todos os que se interessam por música popular ou erudita, sobre a história dos Estados Unidos, sobre arte como resistência.
Qual é sua obra mais importante?
Certamente os livros das “Eras”: Era das Revoluções, Era do Capital e Era dos Impérios (todos da Ed. Paz e Terra). Mas eu destacaria e recomendaria aos leitores sua autobiografia, Tempos Interessantes (Cia. das Letras), na qual narra sua vida dentro e diante das grandes experiências do século 20.
É a história de uma pessoa, de um intelectual gigantesco e singular e de um tempo interessante e terrível. Além disso, há curiosas observações sobre o Brasil (ele esteve aqui diversas vezes e manteve ligações fortes com universidades, intelectuais e movimentos sociais, do PT ao MST).
Haveria espaço para um