Historia e temporalidade
O artigo “História e Temporalidade: Abordagens Teóricas para Estudos de Religiões” do autor Leandro Seawright é subdividido em seis capítulos nos quais fala sobre teoria; história; temporalidade; religião; mito.
Iniciando o autor aborda que os historiadores sociais que pretendem dialogar com as ciências da religião, e com outras áreas do conhecimento humano, não devem julgar as experiências religiosas à luz das próprias experiências. Basicamente, a história social, sobre as religiões e os religiosos, preocupa-se também com as mudanças e permanências da sociedade estudada. Sabe-se, portanto, que os vestígios do passado são escolhidos por historiadores presentes para realizações das suas conclusões investigativas com ponderações dos fatos operantes nas lógicas dos acontecimentos sucedidos.
O autor afirma que todas as construções historiográficas são ou estão impregnadas por influências ideológicas dos seus autores. Grande parte das “historiografias eclesiásticas” brasileiras foi produzida endogenamente segundo critérios do paradigma tradicional descritos por Burke (1992).
Para produzir histórias menores, vistas de baixo, torna-se verossimilmente necessário prestar atenção nos vestígios menores que não estão presentes nas documentações oficiais e tampouco nos documentos regulares manejados institucionalmente. Observando Freud, Sherlock Holmes e o crítico de artes Morelli, Ginzburg (2006) demonstram que os pormenores reveladores, como vestígios, são impreteríveis à micro-história.
Estudar as religiões e os religiosos, instrumentalizados pelos procedimentos indiciários, é, portanto, desvendá-los nas suas subversões experienciais segundo os conhecimentos indiretos, indiciários e conjecturais. Cada religioso é, assim, parecido com os doentes – referidos por Ginzburg (2007) – que precisam da particularização do olhar médico. Tal como existe um “mal específico” em cada doente, existem dramas particulares, micro-históricos, nos diversos períodos