Historia e formação cultural do Brasil
Se a reflexão sobre cultura e identidade ganha lucidez na medida em que consegue se precaver de generalizações, não basta apelarmos para o pólo oposto, e adotar um relativismo absoluto, cujo resultado pode ser uma indiferenciação pouco estimulante. Afinal, há sim possibilidade de lermos o panorama cultural brasileiro apontando linhas de força principais, desde que fiquem claros os critérios mobilizados nessa leitura.
Está colocada, desse modo, a pergunta: como organizar uma análise adequada da realidade da cultura brasileira, sem evitar o tema da identidade brasileira, atentando para as dificuldades já apontadas?
Para tanto, valem duas observações:
1. Uma listagem exaustiva de artistas e movimentos, costumeira em determinadas abordagens culturais, será evitada por dois motivos: além do risco de ser historicamente ingênua ao separar as manifestações de seus contextos, esse tipo de abordagem tende a tomar a parte pelo todo, ou seja, propõe-se a debater a cultura, mas restringe-se ao campo da arte, desconsiderando as relações dialéticas entre ambas.
2. Haverá, de minha parte, a tentativa de aproximar, quando for possível, a explanação verbal de minha experiência como gestor do Sesc em São Paulo, aproveitando exemplos dessa prática para ilustrar determinados pontos.
Para esse exercício de pensamento, farei primeiro uma consideração geral sobre cultura e, depois, irei me reportar à cultura brasileira, procurando pontuar características que me parecem marcantes.
Da palavra cultura
Voltemo-nos então para o conceito de